domingo, 13 de abril de 2014

Temos algumas barreiras internas sobre várias coisas na vida. Formei uma em relação à performances, em geral, bem no geral. Nada contra, somente aquele medo do desconhecido, de algo que nunca tinha feito antes. Sendo assim, a aula de sexta-feira, pra mim, foi uma passagem, quase um ritual, um ritual de entrega a algo novo, de entrega de si mesmo a algo novo.
O não saber o que vai acontecer e nem como, foi determinante para "dar certo". Não foi nada chocante e nem invasivo. Porem aconteceu algo internamente em mim naquele dia. Precisei de um tempo pra pensar e tentar entender.
Ora, quão frágil somos quando expomos os nossos detalhes, aqueles que não costumamos mostrar para ninguém no cotidiano, na vida. Ao mesmo tempo que notei essa fragilidade em mim, me senti culpada por ter limpado minha bolsa antes de sair de casa, porque não precisaria daquele peso todo. Mas aí que está a loucura. E tive que parar e tentar entender. Pra mim me despir dos meus objetos e abri-los a conhecidos desconhecidos acabou sendo quase ritualistico, mas no momento que a proposta vai fazendo algum sentindo, a vontade de entrar no jogo é maior, é quase contagiante, e por isso, gostaria muito que eu não tivesse feito a tal limpeza antes, pra mostrar mais e mais. O que não deixa de ser engraçado e estranho pra mim.
No momento de deixar a minha "ilha" para trás e visitar as outras, conhecer outras pessoas pelo seu íntimo, foi muito louco ver o rosto dos colegas passando pelas ilhas e descobrindo diferentes situações e pessoas que lhe causavam estranheza ou afeição.
Organizações que pra mim são desorganizadas pra quem as tem não são. Talvez a minha organização, do meu jeito, seja chata para outros, interessante para alguns. É um jogo de diferenças interessantes e convidativas ou não.
Deixar a minha ilha naquele momento foi quase uma despedida, um caminhar meio apertado e o desejo de querer voltar para aquilo que é seguro pra mim, que faz eu me sentir segura e me traz lembranças. Olhar para tudo aquilo colocado ali, tudo que era tão pouco mas que já contaria coisas de mim e da minha vida muito rápido.
Como pode?
Nesse momento, em que um fio me puxava pra minha ilha, senti a vontade de conhecer mais das outras ilhas e a força foi maior pra ir do que pra ficar. Como se fosse desbravar fronteiras do desconhecido conhecendo. O tempo gasto nesse rito de passagem pelas ilhas que tinham se formado na sala quase num piscar de olhos, poderia ter durado a manha toda que já teria sido uma experiência muito significativa.
Mas aí, somos instigados a fazer mais um pouco, a ir além e vestir o "ser" do outro ser. Vestir o todo, bisbilhotar, tornar teu. O que me passou estranheza, perguntas de todos os tipos, sobre todas as questões de todos os objetos daquela pessoa. E o mais denso, a partir daquele momento eu seria um pouco dela e ela, mais tarde, seria um pouco de mim.
E porque não? Porque é tão difícil e louco se ver de outro jeito, com outro estilo, é quase como desconstruir a tua vida e se imaginar em uma outra situação completamente diferente.
Então agora, avaliando tudo, posso ver que foi sim chocante e invasivo, mas de uma maneira bonita e sem traumas, porém com muitas questões criadas, refeitas e muitas não respondidas, que provavelmente vão permanecer mais um tempo dentro de mim.

Obrigada!

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