domingo, 13 de abril de 2014

PSICOGRAFIA II

quem está na chuva é pra se molhar quem está na cúpula é para circular eu pedi desculpas eu não queria pular mas eu queria eu pulei eu incitei todo mundo a pular e deu tudo errado. todos serão punidos pelo meu erro, não existe mais cúpula, não existe redenção. 

eu te amo, eu te amo, eu te amo, gabi, mas já não dá. na ponta do lápis, no monstro da página, no sussurro macio da besta eu me arrasto e passo por versões de mim que não sou eu. eu olho para as pessoas e não consigo ver as pessoas. sonho com redenção, estou distraída e vagando por arrependimentos políticos. tento me travestir de artista. a máscara cai.

pelos meus cálculos, há cerca de quinhentos itens neste círculo. uma pessoa é um item. um grampo de cabelo é um item. eu fiz letras, não sou boa com números, mas contar me acalma. estimar me ilude. eu faço de conta que sei o que está acontecendo. hoje, esta é minha performance. show. urgência. corre corre corre corre corre e aí respira fundo. olha essa menina. ela me olha eu olho pra ela. olha esse outro. todos atentos menos eu. 

o real é o que urge ou o que vaga? não tenho certezas, hoje. tenho que inventar instruções que a desatenção me roubou. depois eu penso nisso tudo, depois me devolvo o que a urgência roubou. amanhã é outro dia, outra vida depois do sono que é quase morte. 

sexta feira é dia de festa. durmo à tarde e sonho que o joão de ricardo me roubou a noite. ele tira o relógio do meu pulso, não sei que horas são. vestimos perucas cor-de-rosa, o sonho parece real. quando descubro, já são mais de dez da noite. está tudo perdido. acordo desnorteada, nada está perdido. sinto ainda que me roubaram alguma coisa, mas não tenho certeza do que foi.

M.

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