Eu constantemente relaciono o lugar das coisas nos espaços
de fora com os lugares que existem no meu lado de dentro, minhas lembranças e
minhas ficções;
Acho que assim executo a maioria dos meus trabalhos enquanto
artista. Explorar meu corpo como linguagem é um território em exploração e meus
encontros diários no grupo experimental são meu laboratório de pesquisas e
práticas sobre o meu corpo, sobre o corpo dos outros.
No último encontro durante o experimento de processos híbridos
de criação eu senti coisas muito diferentes em contraposição ao meu primeiro
contato, entendi uma série de dispositivos utilizados como disparadores de
percepção e consegui relacionar eles diretamente a estados performáticos,
contudo me questionei em diversos momentos no quanto dessa investigação partia
diretamente do meu interesse em explorar as linguagens do corpo e o quanto
disso era proposição direta e insistente durante a tarefa. Num segundo momento
me detive a observar as práticas e os limites de cada participante do exercício,
aí automaticamente refleti sobre as visões de performance que estávamos praticando
e insistindo: corpos expostos, uma certa fragilidade humana, limites das ações
e exaustão. Tudo isso me pareceu uma nata muito fina de uma linguagem que eu
considero mais complexa; Não me parecia muito diferente de todas as referências
dos anos 60; pensei em Valie Export depois nos acionistas vienenses e senti
uma necessidade de tentar ver além.
A polêmica e as cenas fortes não parecem me surtir mais efeito,
eu diria parecem surtir efeito em ninguém. A violência faz parte do vocabulário
visual das pessoas e a exposição do corpo acaba sendo uma faca de dois gumes
num jogo provocativo com expectador.
A arte agressiva tem que ser rebuscada, para aplicar aos olhos a mensagem verdadeira, o bruto é vulnerável, e pode ser utensílio ardiloso se usado com precisão. É como vejo minha poesis.
A arte agressiva tem que ser rebuscada, para aplicar aos olhos a mensagem verdadeira, o bruto é vulnerável, e pode ser utensílio ardiloso se usado com precisão. É como vejo minha poesis.
Já quase no final do exercício eu me questionei do quanto
difícil era pensar em uma aula de performance onde o propositor incita uma série
de ações para falar sobre um território tão subjetivo.
As ações durante todo exercício de nada me chamavam a atenção
a investigar, e até então tudo que eu fazia era me perguntar até onde de fato
eu estava disposto a emergir na prática. E foi na prática descobri. Rompendo
fios de lã e desconstruindo um sistema montado em conjunto, o meu “ato
performático” a minha práxis não é diferente das minhas demais linguagens e me
vi rasgando linhas em estado catártico esse era meu transe, meu inconsciente
trabalhando nas minhas ações e meu corpo não era mais limite do meu pensamento.
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